Meu filho não aprende, tomar remédio é a solução?
“Hiperatividade”, “dislexia”, “déficit de atenção”, esses são exemplos de alguns termos cada dia mais comuns na realidade escolar brasileira. Mas será que essas são as reais causas principais para a dificuldade de aprendizagem, um dos maiores terrores para os pais de alunos na rede regular de ensino? Será que o uso indiscriminado de remédios é realmente a solução para todos os problemas. No texto de hoje propomos uma pequena reflexão sobre o assunto.
Muitos autores discutem a problemática, especialmente com um medo crescente sobre o rumo que as coisas estão tomando, onde ao invés de se discutir as políticas públicas e as condições sociais pedagógicas, acabamos por enquadrar todo o fracasso escolar na categoria de doenças neurológicas, que exigiriam por sua vez remédios para seu controle, que supostamente iriam resolver por si só o problema.
Ao longo de todo o século XX, a educação ganhou força, sendo por muito considerada como a solução para os problemas da nação, isso fez com que o número de pessoas matriculadas nas escolas de ensino regular fosse gradativamente aumentando, de forma que nos dias atuais o número de crianças matriculadas nas escolas de ensino regular no Brasil ultrapassa 97% (IBGE – 2102), contudo boa parte destes são considerados analfabetos funcionais, ou seja, frequentam a escola mas não sabem realmente ler e escrever.
Essa situação ocorre porque nem todo mundo aprende na mesma velocidade (o que é perfeitamente natural), e quanto mais crianças chegam à escola, mais as diferenças se acentuam, de forma que aquelas que não conseguem acompanhar a média da turma vão ficando para trás. Porém, se não tratado o problema da maneira correta o que vai ocorrer é que esses alunos vão perder a autoestima e os pais vão aceitar a situação que seu filho “simplesmente não nasceu para estudar”.
Esse problema pode ser resolvido muitas vezes se for feita uma abordagem diferenciada, uma vez que em uma sala de aula o professor tem de lidar com 30, 40 ou 50 alunos de uma só vez, uma abordagem específica para cada aluno se torna impraticável, sendo então necessária a participação de um profissional que possa dar essa atenção especial ao aluno ajudando-o a recuperar sua autoestima, colocando-o no mesmo patamar que seus colegas de classe e ensinando-o a maneira correta de estudar para que este adquira sua autonomia.
Não queremos aqui de forma alguma desqualificar os tratamentos para doenças neurológicas com base em medicamentos, queremos apenas refletir sobre as várias possibilidades que podem causar dificuldades no aprendizado escolar, como por exemplo: conflitos familiares que abalam emocionalmente a criança, pais que por trabalharem muito não tem o tempo necessário para acompanhar a vida escolar das crianças (o que de certa forma desestimula a criança a buscar melhores resultados), ambientes conturbados, consequentes faltas às aulas, entre outros. O que queremos refletir aqui é o fato da culpa ser excessivamente atribuída a criança, ignorando todos esses fatores aqui citados e fazendo com que o remédio para um tratamento neurológico seja uma situação mais fácil do que lidar com os problemas reais.
Bom, é isso deixem sua opinião, quem discordou do ponto de vista adotado no texto ou concordou, o importante é que haja esse debate para que possamos evoluir sempre e alcançar resultados cada vez mais satisfatórios em nosso trabalho, até a próxima.